Ecologia
As aranhas têm duas estratégias básicas de predação, sendo tecelãs aquelas que utilizam a teia na captura de presas, e as caçadoras que empregam a visão ou a percepção de vibrações no substrato onde estão para localizarem suas presas. As presas mais comuns das aranhas são os insetos. Nas monoculturas que caracterizam os cultivos planejados pelo homem, os fitófagos podem atingir altas populações. Nos cultivos onde não são utilizados métodos que destroem as aranhas e seus refúgios, tais como, fogo, uso de pesticidas e limpeza de área para plantio, as aranhas podem atuar como excelentes inimigos naturais prevenindo junto com outros predadores, explosões populacionais destes fitófagos.
Principais Grupos
Infraordem Araneomorphae

Gênero Loxosceles
(Família Sicariidae)
As “aranhas-marrons”, cujas picadas podem causar lesões necróticas e/ou complicações sistêmicas, têm importância médica pela grande ocorrência intradomiciliar, que predispõem acidentes principalmente em regiões com grandes concentrações demográficas. O gênero Loxosceles que predomina na América do Norte e América do Sul, tem no Brasil, o maior registro de acidentes nas regiões Sul e Sudeste.
Essas aranhas têm hábitos noturnos, preferem ambientes escuros e quentes, e comumente refugiam-se em troncos e cascas de árvores, folhas acumuladas no solo, ou buracos e frestas de barrancos. No domicílio, estão atrás de móveis, nos sótãos, em garagens, porões e entulhos, resistindo à grandes variações de temperatura e à ausência de água. São sedentárias em teias irregulares tipo lençol que revestem seus substratos, mas na escassez de alimentos, saem à noite a procura de pequenos artrópodes.
Aranhas-marrons não são agressivas, apresentam tendência a se agruparem e os acidentes ocorrem quando no interior de vestimentas e da roupa de cama e de banho são pressionadas contra o corpo das pessoas.
A necrose da pele no local da picada ocorre devido à morte das células e danos vasculares, e tem caracteristicamente disseminação em sentido gravitacional, dando um aspecto de esta ter “escorrido”. As complicações sistêmicas quando aparecem, referem-se a sérios problemas intravasculares, nefrológicos e danos multi-orgãos que eventualmente conduzem à morte.

Gênero Phoneutria
(Família Ctenidae)
Essas aranhas ocorrem na América do Sul e Central, são muito bem representadas no Brasil que detém o maior número de registros de acidentes, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Popularmente conhecidas como “aranhas armadeiras”, são responsáveis pelo maior número de acidentes aracnídicos notificados ao Ministério da Saúde.
Essas aranhas são ágeis e irritáveis e, quando ameaçadas, se dispõem na posição de prontidão ou ataque, em que o corpo é elevado quase verticalmente e mantém-se apoiado sob os dois pares de pernas traseiras e parte posterior do abdome, movem as pernas anteriores para os lados e pulam em direção da presa ou do agressor com os ferrões abertos. Podem atingir de 3 a 4 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de pernas.
As armadeiras possuem hábitos noturnos e, durante o dia, permanecem escondidas em buracos de troncos de árvores, sob pedras, troncos e folhagem. No ambiente doméstico buscam refúgio e alimento, como baratas, por exemplo, e durante o dia, escondem-se no interior de sapatos e de armários, ou atrás de móveis, cortinas e portas.
O período de maior mobilidade dessas aranhas corresponde ao do acasalamento, durante os meses de abril e maio, podendo determinar um maior numero de encontros com o homem e, portanto, um índice de acidentes mais expressivo. Os acidentes ocorrem nos atos de calçar os sapatos, nas limpezas domésticas e no manuseio de legumes ou frutas, e desta forma as extremidades como mãos e pés são as mais atingidas.

Gênero Latrodectus
(Família Theridiidae)
São popularmente conhecidas como “viúvas-negras”, têm ampla distribuição geográfica no mundo, e são conhecidas pelo canibalismo sexual dos machos, que em várias espécies investigadas corresponde a um sucesso reprodutivo traduzido pelo maior número e viabilidade da prole. Essas aranhas têm caracteristicamente uma ampulheta vermelha no ventre do abdome, sua teia é irregular e tridimensional e não são agressivas. Além do habitat silvestre, podem colonizar áreas agrícolas, quando entram em contato com os seres humanos e podem causar acidentes durante a época de colheita. Os maiores índices de acidentes ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais de todo o globo, e no Brasil, prevalecem registros no Nordeste.
Infraordem Mygalomorphae

Caranguejeiras
Possuem os nomes populares de caranguejeiras e vivem preferencialmente em locais quentes, nas zonas tropicais e subtropicais. As maiores aranhas conhecidas pertencem a esse grupo, sendo a maior delas da espécie Theraphosa blondi, de 30 cm encontradas na Floresta Amazônica. Não há registro de acidentes humanos graves ocorridos no Brasil. Embora muito temidas pela aparência assustadora não provocam acidentes graves ou comuns. Quando manipuladas ou irritadas liberam cerdas urticantes que podem causar reações alérgicas com inchaço, vermelhidão e coceira local, que costumam regredir em poucas horas.